Alta da inflação dos alimentos é o maior obstáculo para compra de outros bens, segundo pesquisa

Com o aumento no valor dos alimentos, o consumidor precisa gastar mais para ter o essencial e tem menos dinheiro para comprar bens supérfluos.

Um novo levantamento da empresa de consultoria e auditoria PwC Brasil mostra que, atualmente, o principal obstáculo enfrentado pelos brasileiros para a compra de bens de consumo é a alta inflação dos alimentos.

Apontada por 67% dos entrevistados, a inflação de alimentos obriga os consumidores a direcionar uma parte maior do orçamento doméstico para os itens essenciais, em detrimento dos supérfluos. 

O segundo e terceiro entraves às compras mais mencionados por consumidores foram transtornos relacionados ao frete, como descumprimento de prazo (queixa mencionada por 44% dos entrevistados) e demora na entrega (43% de citações).

“No decorrer do primeiro semestre, aqui no Brasil, a inflação mostrou um aumento nos alimentos. Antes ela comprava refrigerante ou suco, aí ela começou a trocar por produtos de menor valor agregado, acaba comprando limão para adoçar sua bebida”, exemplificou a sócia da PwC Brasil, Luciana Medeiros.

“Vai reduzindo até não comprar mais. Então isso que foi acontecendo com o consumidor no decorrer desse primeiro semestre. Na verdade, isso começou em dezembro, o mercado sentiu bastante isso, a troca de itens, sempre por produtos de menor valor agregado, de menor custo, até o consumidor ou parar de consumir o produto, além da troca de marca, ou então ficar só com uma coisa, o valor dele reduzido.”

Alta dos alimentos
Os alimentos comprados em supermercados para consumo no domicílio acumularam um aumento de 17,37% nos 12 meses encerrados em agosto, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O preço do óleo diesel, que afeta o custo do frete, acumulou um encarecimento de 58,81% no período de um ano, de acordo com o IPCA-15.

Além da inflação de alimentos e de problemas na entrega, Medeiros lembra que os consumidores também sentiram os impactos da desorganização da cadeia de suprimentos sobre a experiência de consumo em alguns segmentos, como a falta de produtos ou fila de espera, especialmente por automóveis e equipamentos eletrônicos.

Segundo a empresa de consultoria e auditoria, as perspectivas são positivas para o varejo no médio prazo. No Brasil, 70% dos entrevistados afirmaram terem aumentado suas compras online durante a pandemia, e 55% dos consumidores declararam que ampliarão ainda mais as compras online nos próximos seis meses, enquanto 36% esperam manter os níveis atuais. Um terço dos entrevistados (34%) planeja expandir seu consumo em lojas físicas, e 45% preveem manter o nível atual de consumo.

A ampliação de medidas de transferências de renda para a população deve beneficiar mais a aquisição de itens essenciais que supérfluos, como o segmento de alimentos, avaliou Luciana Medeiros.

“Porque no outro (pagamento de auxílio emergencial), ele foi pra isso, mas as pessoas começaram a adquirir linha branca, fogão, geladeira, esse tipo de coisa. Agora neste, como ficou um período sem receber, a gente acredita que esse valor vá direto pro (segmento) alimentar”, previu Medeiros.

O levantamento apontou que 65% dos consumidores brasileiros indicaram alguma disposição de pagar mais por produtos produzidos localmente ou no próprio País, embora apenas 35% acreditem que os itens nacionais tenham maior qualidade que os concorrentes internacionais.

Perfil dos consumidores brasileiros
Quanto ao perfil do consumidor, os jovens são especialmente mais interessados e exigentes quanto a adquirir produtos de empresas com boas práticas de ESG (governança ambiental, social e corporativa) e conteúdo local. Segundo a PwC, as gerações Y e Z são consumidores muito mais propensos a considerar esses fatores nas decisões de compra.

Cerca de quatro em cada dez entrevistados no Brasil dizem que o ESG geralmente afeta suas decisões de compra, e os fatores ambientais são os que menos tendem a influenciar. Para 70% dos consumidores brasileiros, a transparência nas práticas de negócios é um fator de influência importante nas decisões de compra; 46% veem como relevante a empresa admitir erros do passado; e 49% dos entrevistados dizem que os fatores sociais afetam suas decisões de compra.

A pesquisa Global Consumer Insights, realizada semestralmente pela PwC, ouviu apenas consumidores a partir de 18 anos que fizeram compras online pelo menos uma vez no ano anterior. A edição de junho de 2022 ouviu 9.069 consumidores em 25 países e territórios, sendo 502 deles no Brasil.

Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/52902/alimentos-mais-caros-prejudicam-aquisicao-de-novos-bens/?utm_source=conteudo&utm_medium=lista&utm_campaign=Home